domingo, 17 de agosto de 2014

CRÍTICA - O GRANDE HOTEL BUDAPESTE


Wes Anderson já demonstrou ter sua personalidade na industria do cinema. Assim como Quentin Tarantino, Woody Allen, Steven Spielberg, este possui uma marca registrada em todas suas produções: ausência de efeitos especiais (que são substituídos por sequencias em "Stop-Motion" (cenas feitas com massinhas de modelar)), sempre mantendo quase com o mesmo elenco e alguns momentos com os mesmos "conversando" diretamente com a câmera, sem expressões, cuja ideia é simplesmente para demonstrar o desabafo de ambos caracteres em cena. Depois de três indicações ao Oscar (por "Os Excêntricos Tenenbaums", "Moonrise Kingdom" e a animação "O Fantástico Sr. Raposo"), Anderson volta as telas em um dos mais divertidos filmes do ano: "O Grande Hotel Budapeste".

Aqui vemos a história do famoso Hotel do título, cujo o funcionário M. Gustave (Ralph Fiennes, o Voldemort de "Harry Potter") vive somente em função deste, durante a época das Guerras Mundiais. Ele não imagina ter uma vida fora do mesmo, muito menos fugindo de sua habitual comodidade de se envolver com as hospedes idosas do local. Mas ele começa a ver um outro lado disto, quando o jovem Zero (Tony Revolori) é contratado para ser o novo "Mensageiro" do Hotel. Aos poucos ele começa a criar um laço de amizade com o garoto, até que um dia a frequente hospede do Budapeste, Madame D. (Tilda Swinton, de "Queime Depois de Ler") acaba falecendo. Apesar dela manter um romance secreto com Gustave, ela deixa em seu testamento que um de seus bens mais valiosos, o quadro "O Menino com a Maça" fique com este. Zangado com a escolha, seu filho Dmitri (Adrien Brody, de "O Pianista") o acusa de ter assassinado sua mãe, fazendo a vida de Gustave virar de cabeça para baixo. Mas para fazer sua acusação ter sentido, ele contrata o profissional Jopling (Willem Dafoe, de "A Culpa É das Estrelas"), que extermina todos aqueles que descobrem a verdade do fato.


No decorrer desta narrativa, notamos que Anderson procurou abordar cada momento de uma forma que não cansasse o espectador de forma alguma. Seu roteiro procurou ao máximo mesclar na dosagem certa os momentos românticos, cômicos, emocionantes e dando espaço para o suspense a partir do quarto ato. A fotografia procura ao máximo explorar as tonalidades pálidas e depressivas, como se fosse uma verdadeira transposição da obra roubada. O formato de tela utilizado aqui, quebrou bastante os paradigmas das atuais, pois Anderson procurou utilizar os usados nas produções dos respectivos anos em que a mesma se passa (maior parte da produção se passa na década de 30, época onde o formato da maioria das produções era 1:37 (formato das televisões antigas)), causando uma ótima referencia as produções da época. 


Assim como em suas produções anteriores, o retorno de seus antigos companheiros de trabalho como Owen Wilson, Bill Murray e Jason Schwartzman, continua mesmo com eles possuindo apenas poucos minutos em tela. Mas seus personagens são de extrema importância para a narrativa, assim como os de Edward Norton, Harvey Keitel e Jeff Goldblum (que aparecem bem mais que aqueles). Quanto Tony Revolori, em seu primeiro papel como protagonista ele até que se sai bem e possui um ótimo entrosamento com a jovem Saoirse Ronan ("Desejo e Reparação"), e com Fiennes. Este que acaba sendo um dos pontos positivos do filme, pois a demonstração de amizade entre ambos deixa claro que o fator menos importante é diferença de idade. "O Grande Hotel Budapeste" já apresenta de fato como um dos melhores filmes do ano, e forte candidato ao Oscar de roteiro original (creio que agora Wes Anderson irá levar). RECOMENDO!

Indicações ao Oscar: Filme, Direção, Roteiro Original, Maquiagem e Penteado, Figurino, Fotografia, Design de Produção e Trilha Sonora.
Ganhou: Maquiagem e Penteado, Design de Produção, Figurino e Trilha Sonora.

NOTA: 10,0/10,0

Imagens: Reprodução da Internet


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