segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

BIRDMAN OU A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA


Já não é novidade que muitos atores que interpretam super-heróis mais de uma vez nos cinemas, ficam eternamente presos ao rótulo dos mesmos pelo resto da vida. Isso ta ocorrendo com atores como Hugh Jackman (Wolverine) e Robert Downey Jr. (Homem de Ferro). "Birdman" aborda exatamente essa questão, pois temos aqui um enredo exatamente nessa realidade só que com caracteres fictícios. Seguindo essa ideia o roteirista, produtor e diretor Alejandro González Iñárritu ("Babel") trouxe para ser seu protagonista um ator que vive exatamente nessa realidade: Michael Keaton (o "Batman" de Tim Burton). Este vive Riggan, um ator que ficou muito famoso por interpretar o herói Birdman nos cinemas e se negou a fazer a terceira parte, fazendo assim sua carreira e vida pessoal regredirem. Logo ele opta por realizar uma peça de teatro, onde ele não só protagoniza como também atua e dirige. Mas ao decorrer dos ensaios, os problemas vão começando a ficar cada vez mais piores. Sua namorada esta com suspeita de gravidez, sua filha Sam (Emma Stone, de "O Espetacular Homem-Aranha") acabou de sair de uma clinica de reabilitação, um dos atores sofreu um acidente no palco e teve de ser substituído pelo hipócrita Mike (Edward Norton, que viveu "O Incrível Hulk" nas telonas) que o tenta convencer a todos que só ele sabe o que é atuar. 


Iñárritu exerce todos essas inusitadas situações (e outras diversas) como se estivesse filmando um documentário sobre os bastidores de alguma peça teatral verídica. A câmera não para em um minuto se quer, transmitindo a ligeira impressão de que todos nós estamos juntos com os personagens em cena. Ele também acertou na execução de demonstrar as difíceis relações entre atores e críticos, pois fica clara a ideia de que este pode decidir o sucesso ou o fracasso de alguma produção, independente da verdadeira qualidade. 

Não me lembro a última vez que vi Michael Keaton realmente bom como um protagonista em algum filme, e aqui ele teve a chance de mostrar o seu talento cômico (e um pouco dramático), que consequentemente lhe deu um Globo de Ouro e uma Indicação ao Oscar. Pra quem conhece a breve história do ator, denota que seu personagem é definitivamente uma sátira dele mesmo, pois de fato seu último personagem de sucesso foi o Batman há 25 anos atrás. O mesmo não se pode dizer de Edward Norton, pois eu já admiro seus trabalhos há uns tempos e seu "Mike" com certeza não poderia passar em branco nas premiações também e garantiu indicações a ambos os prêmios citados.
Só que seu personagem também serve como uma personificação própria (já que o ator é conhecido nos bastidores por querer mudar o roteiro e "se meter" nos trabalhos dos outros). Quanto a Emma Stone, apesar dela aparecer pouco o que rendeu a nomeação ao Oscar ao meu ver foi na verdade a sequencia onde ela discute com seu Pai (vivido por Keaton), onde ela demonstra ter uma verdadeira carga dramática nas veias. Honestamente foi bacana também ver Zack Galifianakis (o Alan de "Se Beber, Não Case!") vivendo um empresário que nada lembra seus outros personagens anteriores.

"Birdman ou a Inesperada Virtude da Ignorância" é uma tipica produção de que gosta e ama cinema, pois assim como as produções "Os Queridinhos da América" e "Argo" ela serve como uma verdadeira crítica aos bastidores da terra do cinema: Hollywood. RECOMENDO!

INDICAÇÕES AO OSCAR: Filme, Diretor, Ator - Michael Keaton, Ator Coadjuvante - Edward Norton, Atriz Coadjuvante - Emma Stone, Roteiro Original, Mixagem de Som, Edição de Som e Fotografia.

Ganhou: Filme, Diretor, Roteiro Original, Fotografia.

NOTA:10,0/10,0
Imagens: Reprodução da Internet

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