domingo, 19 de janeiro de 2014

CRÍTICA - O LOBO DE WALL STREET


Quando Leonardo DiCaprio foi anunciado como vencedor da categoria "Melhor Ator em Comédia/Musical", eu fiquei com um pé atrás. Pelo que me lembre bem, ele não é um ator de comédia, muito menos estrelou algum filme do gênero. Curioso, fui conferir a nova produção que marca a quinta parceria entre ele e o diretor Martin Scorsese (as outras foram com "Gangues de Nova York", "O Aviador", "Os Infiltrados" (que rendeu a Scorsese seu primeiro Oscar de direção e de filme) e "A Ilha do Medo"). E por incrível que pareça, a produção acaba sendo realmente engraçada (apesar do tema não ter graça alguma na verdade).


Aqui DiCaprio vive o corretor de Wall Street, Jordan Belfort, que desde que chegou por lá em meados dos anos 80, passou a descobrir que possui uma lábia especial para lidar com venda e compra de ações da bolsa de valores.Ciente disto, ele convence o jovem vendedor de móveis Donnie (Jonah Hill, de "É O Fim") e mais alguns amigos de confiança e funda uma empresa que "mais ganha do que distribui" aos seus clientes. E com todo o dinheiro recebido, ele investe em festas, drogas e bebidas para seus funcionários e luxuria para a sua esposa Naomi (Margot Robbie, de "Questão de Tempo"). Logo ele vira alvo do detetive da CIA, Patrick Denham (Kyle Chandler, de "Argo"), que procura desmascarar a farsa da cia de Belfort.


No final das contas, nós acabamos embarcando no carisma de DiCaprio, que em certos momentos vira o verdadeiro Jim Carrey (vide a cena que ele perde a noção após ingerir uma certa droga), onde ele faz diversas caretas e gestos tipicos deste. Fora isso, com a sua lábia ele vai conversando conosco e explica o que está acontecendo na vida dele e "traduzindo para nossa língua" algumas transições que ele realiza na bolsa (como ele mesmo disse em um certo momento, "de qualquer forma é ilegal"). Sua química com Hill lembra um pouco a deste com Brad Pitt (a do gordinho com o galã), mas aqui ele demonstra que é muito mais do que o "gordinho de "Superbad"", e que possui um talento dramático e cômico, que consequentemente lhe rendeu mais uma indicação ao Oscar de ator coadjuvante (mas dificilmente ele ganhará, já que o premio ficará para o Jared Leto). 


Mas ao longo da projeção, nós acabamos vendo algumas "pequenas, grandes" participações de Matthew McConaughey (de "Clube de Compra de Dallas", foto acima), Jon Favreau ("Homem de Ferro") e Jean Dujardin ("O Artista"), que aparecem pouco em cena, mas dão conta do recado e demonstram entrar dentro da brincadeira e do mundo da bolsa de valores.


Agora, o grande fator prejudicial da produção foi o excesso de cenas de sexo, que de uma certa forma acabam beirando a pornografia (vide a enorme quantidade de strip-tease, a masturbação de Jonah Hill na festa da casa de praia e as transas de DiCaprio e Robbie), o que faz uma produção que poderia durar 2h15, durar três horas! 


Mas fiquem tranquilos, pois o roteiro escrito por Terence Winter (eventual colaborador de Scorsese no seriado "Boardwalk Empire")  acaba nos apresentando uma história divertida de ser conferida, que demonstra uma história de ascensão e queda, por causa de alguns descuidos de um corretor "bilionário, playboy e filantropo", que nas mãos de ninguém menos que Martin Scorsese realiza uma obra divina, que merece ser conferida. Quanto as suas chances aos Oscar, digamos que de todas as suas indicações (filme, direção, ator, ator coajuvante e roteiro adaptado) ele talvez renda o primeiro premio de melhor ator para Leonardo DiCaprio, que merece o mesmo não só por esse filme, mas pela sua brilhante carreira. RECOMENDO!

NOTA: 9,0/10

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