"Green Book - O Guia" venceu o Oscar e conseguiu um patamar diferente em sua abordagem a questões delicadas, ao não apelar para o vitimismo constante. Enquanto este falava sobre o racismo sem vitimismo, "Suprema" fala sobre o feminismo sem vitimismo. Tendo a infeliz coincidência de estrear junto com o novo ícone feminista, "Capitã Marvel", aquele narra a história real da advogada Ruth Ginsburg (Felicity Jones), que descobriu que a lei estadunidense possui brechas que não igualam os sexos, independente da questão. Tendo sido uma das poucas mulheres que cursou a Faculdade de Harvard, em 1993 se tornou parte da Justiça da Suprema Corte dos Eua, sendo nomeada pelo então Presidente Bill Clinton.
Dirigido por Mimi Leder ("Jogo Entre Ladrões"), o longa não só tem o mesmo estilo do citado no paragrafo antecessor, como também extrapola no recurso de "sensacionalismo narrativo", que são os constantes enquadramentos sobre Jones, que insistem em mostrar que "ela é a única mulher, no meio de um monte de homens" ao andar numa multidão, entrar em um elevador. A narrativa já havia me vendido em diálogos isso, porém é implicância jogar isso toda hora pro espectador. Agora porque a narrativa "não joga vitimismo?", digamos que Ruth é sempre mostrada como uma mulher empenhada em sua carreira, cuidar de seus filhos e do marido com câncer (Armie Hammer), "coisas tipicas de mulher", mas dentre esses arcos, há momentos onde ela sempre acaba esbarrando com argumentos contraditórios, seja um movimento feminista ou ridicularização de seus superiores. ela sempre opta por apresentar fatos concretos ou atitudes que a fazem ser uma pessoa valorizada. Então não a vemos chorando, reclamando, muito menos fazendo textões pra botar em jornais (porque estamos falando de um longa que se passa em meados dos anos 50 a 80), mas sim ela seguindo com a vida normal dela e lutando apenas estudando leis.
E Jones cumpre esse papel com excelência, e nos faz comprar sua atuação em poucos minutos em cena, assim como Hammer, que infelizmente acaba sendo jogado pra escanteio (assim como sua doença) em certo ponto da narrativa. Agora quem consegue cumprir a função de "peso dramático" com aquela, é Cailee Spaeny ("Vice"), que interpreta sua filha. Existem dois momentos dentre as duas, aos quais podem ser facilmente replicados nos dias atuais, e fazem o espectador pensar sobre o termo "feminismo" de outra maneira.
Mesmo com uma narrativa "Sessão da Tarde", "Suprema" chegou a tona em uma época certa, na qual muitas pessoas dão notoriedade a longas sobre a temática repleto de vitimismo, mas não reparam que a mesma história pode ser contada, sem uma gota de mimimi.
Nota: 7,5/10,0
Imagens: Reprodução da Internet.
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