Há menos de três meses, falei aqui a respeito de quanto "Me Chame Pelo Seu Nome" é importante para o cinema LGBT, assim como seu protagonista (Timothée Chalamaet) que foi um dos destaques em festivais e premiações por onde o filme foi mostrado. Não tendo o mesmo embalo ou carga dramática, "Com Amor, Simon", não só resgata o estilo "John Hughes" de sessão da tarde, como também mostra que é sim possível fazer um longa adolescente com um protagonista assumidamente gay.
Logo nos primeiros minutos, protagonista Simon (Nick Robinson de "Jurassic World") narra sua vida e notamos que ele é um adolescente comum, até que ele revela seu maior segredo é o fato dele ser gay. Tudo isso poderia ter beirado para o lado dramático, mas o diretor Greg Berlanti ("Juntos Pelo Acaso") trata de levar a temática com um modo sarcástico, que faz o espectador se sentir a vontade em acompanhar a jornada do protagonista em seu dia a dia na escola e com sua família e amigos. Mas tudo começa a virar de pernas pro ar, quando Simon começa se relacionar com outro jovem homossexual por email e acaba sendo descoberto por um colega de sala (Logan Miller), que o chantageia para esconder sua homossexualidade.
Como citado nas primeiras linhas é difícil não entrar dentro da atuação de Robinson. A atuação dele não chega aos pés do mencionado Chalamet, mas consegue transpor os medos, anseios e tristezas de Simon, perante o fato de ser gay no meio de várias pessoas heteras e o seu desejo de saber quem afinal é o outro garoto que está conversando com ele por email, e nós acabamos embarcando junto dele nessa busca. Provavelmente essa atuação renderá alguns prêmios pequenos (como da MTV) para Robinson. Partindo para o resto do elenco, todos eles estão bem de acordo com o que o roteiro lhes propõe, mas apenas o diretor do colégio vivido por Tony Hale ("Arrested Development") acaba roubando a cena quando aparece rendendo ótimas risadas.
Só que como nem tudo soa as mil maravilhas, a direção peca bastante em explorar no momento final alguns arcos que forçam um pouco a barra pra tirar algumas lagrimas do espectador (mesmo não sendo necessário, como no recente "Extraordinário"). Fora que conta com algumas músicas melosas bastante fora de hora, aos quais fazem o tópico mencionado no momento perder um pouco a emoção. Assim como o preconceito sofrido por gays terem deixado meio de lado, dando abertura mais pro amadurecimento de Simon em meio a um mundo onde tudo acaba "dando certo".
"Com Amor, Simon" chegou aos cinemas na hora certa, e sem hipótese de duvidas é o primeiro grande filme LGBT lançado por um estúdio de grande porte (Fox) e que certamente o sucesso deste até o momento, ajudará nos futuros lançamentos de mais longas com a temática para um público diverso, independente da sexualidade.
Nota: 8,0/10,0
Imagens: Reprodução da Internet
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