Os dois longas de "Tropa de Elite" literalmente mexeram com a forma pelo qual o cinema nacional era visto. Com uma temática que englobava o quadro politico atual, os longas do diretor José Padilha acabaram se tornando o carro forte na forma de se fazer cinema no Brasil. Logo as portas de Hollywood se abriram pra ele, onde optou por fazer o remake de "Robocop" e a série "Narcos" para a Netflix. Pegando o embalo da tensa situação em que os brasileiros vivem, o diretor resolveu abordar uma trama BASEADA (conforme dito no inicio de cada episódio) nos bastidores da operação Lava Jato, da Policia Federal. Mas divergindo do recente "Policia Federal: A Lei é Para Todos", a série procura focar na retratação da personalidade dos policiais e dos empresários envolvidos (ou seja, todos os nomes dos envolvidos foram trocados, assim como os das empresas mencionadas. Mas quase nada do que se foi citado pelo mídia, mudou).
Essa primeira temporada foi dividida em oito capítulos, onde temos como protagonistas os policiais Ruffo (Selton Mello) e Verena (Carolina Abras), investigando os problemas iniciais da operação. Enquanto o primeiro enfrenta uma série de problemas devido sua incapacidade mental, a segunda enfrenta diversos problemas com o ex-marido Claudio (Lee Taylor). Ambos se unem a outros policiais em uma investigação onde envolvem grandes presidentes de empreiteiras e renomados políticos nacionais.
As menções são claras a políticos como Lula, Aécio, Temer e Dilma (onde esta acaba sendo retratada de forma satírica em sua primeira aparição, onde ensaia um discurso sobre "ensacar vento"). Só que assim como os empreiteiros, nenhum deles é retratado como santos ou pessoas de bem, muito menos com seus nomes reais (como é uma série dita como baseada, é ai que muitas pessoas acabaram caindo em contradição), mas sim como corruptos. Nesses oito primeiros episódios os grandes destaques decaem para o doleiro Roberto Ibraim (Enrique Diaz) e o Presidente da Petrobrasil, João Rangel (Leonardo Medeiros). Ambos tem boas atuações, mas o primeiro é que acaba roubando a cena, pois ele sabe que está ferrado, mas leva tudo na zoeira, principalmente quando se depara com os personagens de Mello e Abras. Já estes possuem uma excelente química e atuação, onde parecem que são mesmo amigos de longa data, e logo nós acabamos se interessando pela trajetória da dupla.
Partindo para a direção de Padilha, ele procura extrapolar os fatos pelos quais todos nós já conhecemos com base nas noticias relatadas pela própria mídia nesses anos todos da operação, ou seja, tudo que a série mostra, os brasileiros já estão cientes. Mas claro, aqui temos direito há algumas frases de efeito, discussões sobre "luta pelo poder" e outros afins que séries policiais possuem. Existem alguns ploat-twists que o diretor utilizou e que realmente funcionam, porém em alguns breves momentos a narrativa em off de Mello ou Abras sobre o que está acontecendo, serve meio de uma forma desnecessária em alguns momentos, pois nós acabamos de assistir aos fatos. Vale destacar que nenhum deles em momento algum escolhe um lado da esquerda ou direita pra enaltecer, pois aqui são trabalhados apenas fatos e nada mais aquém do que a batalha contra a corrupção.
"O Mecanismo" é uma narrativa interessante inspirada em uma história pela qual todos nós já conhecemos e sabemos que não irá acabar tão cedo. Porém seu desfecho na série nos entrega uma vontade maior pela segunda temporada (mesmo estando cientes do que será mostrado).
Nota: 8,0/10,0
Imagens: Reprodução da Internet
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