Desde que foi lançado o trailer de "A Garota no Trem", a principal jogada do longa foi que ele seria o novo "Garota Exemplar". A mesma estratégia foi utilizada em seu livro, escrito pela escritora estadunidense Paula Hawkins e vinha com o Slogan em sua capa "Se você gostou de "Garota Exemplar", vai adorar esse Thriller psicológico". Porém como eu ainda não cheguei ao desfecho da obra, e já vi a sua adaptação para as telonas eu só posso garantir uma coisa: a semelhança está SOMENTE na narrativa não linear, e não no enredo.
A trama começa mostrando o perfil de três mulheres distintas, onde a primeira é Rachel (Emily Blunt, de "No Limite do Amanhã"), uma alcoólica depressiva que sofre com seu divorcio e o fato de não poder ter filhos. Todos os dias ela pega sempre o mesmo trem, e tem como costume observar a vida das pessoas nas casas por onde ele passa, e sempre deixou claro a idolatração por um casal especifico. Ele é composto pela segunda, que é Megan (Haley Bennett, de "Sete Homens e um Destino"), que vive com seu conjugue Scott (Luke Evans, de "Velozes e Furiosos 6") e sofre por ir contra o principio de ter uma família. Ela trabalha como babá para a mesquinha Anna (Rebecca Ferguson, de "Florence, Que Mulher é Essa?"). Esta é a terceira, onde vemos que ela é casada com o ex-marido de Rachel (Justin Theroux, de "Zoolander 2") e tem uma filha pequena. Porém a vida das três se interliga, quando a segunda desaparece misteriosamente, fazendo Rachel se meter nas investigações por conta própria.
A narrativa proposta pelo diretor Tate Taylor ("Histórias Cruzadas") deixa claro que o tempo todo o longa vai se intercalar dentre as três protagonistas e "tudo o que acontece tem um porque". No livro é exatamente assim que os arcos são apresentados, porém Taylor pecou bastante em achar que estava contando a mesma história que "Histórias Cruzadas". O suspense e tensão deu lugar pra uma tremenda novela mexicana nos arcos centrais, e damos graças que ele tinha um verdadeiro e competente elenco em mãos (que salvaram o longa), pois sua direção fez o longa ficar meio chato em determinados momentos e serviu para desperdiçar uma ótima chance de promover uma narrativa diferente (onde constantes flashbacks, servem como descobertas dos fatos mostrados em tela).
Chega de falar desse cara (que pelo visto não vai fazer outro suspense tão cedo), vamos falar sobre a Emily Blunt. Aqui ela literalmente entrou de cabeça no papel e desde sua primeira cena, vemos que ela trabalhou tanto no seu visual, quanto voz, andar, gestos e não lembrava sequer da Blunt que conheci há 10 anos em "O Diabo Veste Prada" (flahsbacks contantes no longa, já servem como um exemplo). Aqui ela tem três momentos onde mostram que ela é um dos grandes nomes do cinema atual, e possivelmente figurará entre as indicadas ao Oscar e Globo de Ouro no próximo ano (não sei se ela ganha, pois falam que a Amy Adams poderá finalmente ganhar, depois de 6 indicações sem vencer). Quanto a suas contrapontos, Ferguson é outra que tem o maior destaque, pois sua personagem não só é uma forte contraponto para Blunt, como também desconfiamos dela o tempo todo. Já Bennet (onde os desatentos, vão pensar que é a Jennifer Lawrence) cumpre bem o seu papel como a "garota desaparecida/Famme Fatale", mas nada que seja páreo para as então citadas.
"A Garota no Trem" é um mero exemplo de que quando um estúdio escala o diretor errado para um longa, uma ótima história acaba caindo pra escanteio e o público acaba sendo brindado com algo que não era da mesma fórmula apresentada pelo roteiro (ou no caso livro).
Nota: 6,5/10,0
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