Mentiria pra você se falasse que não cresci vendo os filmes da série de Jason Bourne. O primeiro foi lançado em 2002 e revelou o astro Matt Damon como um ótimo ator para de longas de ação. Porém foi no lançamento do terceiro em 2007, que a série começou a bater de frente com a do agente 007 em diversos quesitos, dentre eles as ótimas sequencias de ação da câmera balançando e transpondo toda tensão da cena pro público, um roteiro extremamente cabeça com uma enorme crítica a situação politica e econômica atual, e um protagonista que trabalha completamente sozinho, onde as únicas mulheres que aparecem em cena são apenas para ajuda-lo a descobrir algo (pois pra quem não sabe, Jason Bourne é um agente de um projeto secreto da CIA, pelo qual perdeu a memória e tenta a cada filme descobrir quem ele é). Além do simples fato do último ser premiado com três Oscars técnicos (Edição, Mixagem de Som e Edição de Som).
Porém em 2012, alguma porra de executivo "gênio" da Universal decidiu lançar um spin-off da franquia. Nele o protagonista era vivido por Jeremy Renner (o Gavião Arqueiro de "Os Vingadores") e tinha como coadjuvantes Edward Norton e Ranchel Weitz. Só que por mais que ele venda com o nome "Bourne", aquilo não era este e só foi mais um caça niqueis horrível. Só que alguns anos depois Matt Damon e o diretor dos dois primeiros, Paul Greengrass ("Capitão Phillips") revelaram que trabalhariam em uma continuação digna da franquia, pois eles não gostaram dos resultados dos dois últimos filmes. Devo assumir que a espera e empenho da dupla em trazer o VERDADEIRO "Legado Bourne" pras telas, funcionou!
O longa começa nos dias atuais onde Jason sabe que seu nome verdadeiro é David Weeb, mas ele ainda busca mais coisas sobre quem ele era. Só que em uma era pós Edward Snowden e Mark Zuckeberg, qualquer pessoa consegue rastrear tudo o que a outra fez e está fazendo. E esse é o principal foco do enredo do próprio Damon, Paul Greengrass e Christopher Rouse. Aqui temos dois claros exemplos de casos que fazem referencia as estes, sendo o primeiro através da amiga de Bourne, Nicky (Julia Stiles) causa um enorme ataque hacker a CIA e solta a público todas as informações de casos sigilosos envolvendo o Treadstone. Já ao segundo é através do novo personagem Aaron Kalloor (Riz Ahmed), que desenvolveu um sistema operacional que vai contra os princípios da CIA e a mesma procura realizar uma aliança com ele de todas as formas.
Mas sem dúvidas que Matt Damon mais uma vez incorporou o personagem (sua aparência ta bem mais desgastada que antes, e sequer troca de roupa durante boa parte do longa) e consegue realizar uma excelente atuação. Porém agora ele enfrenta três vilões, o diretor da CIA Robert Dewey (Tommy Lee Jones), a agente Heather Lee (a recém vencedora do Oscar, Alicia Vikander) e o assassino profissional Asset (Vincent Cassel). Todos os três conseguem ter momentos brilhantes e ótimos no decorrer do longa, porém o destaque vai mesmo para Vikander. A atriz consegue realizar uma atuação extremamente difícil, que é a clássica "ame e me odeie". Não duvido que ela consiga mais pra frente se tornar um forte e respeitável nome no cinema. Enquanto Cassel chega a roubar a cena em diversos momentos, e acabou se tornando o melhor vilão da franquia.
Tudo isso funciona de forma perfeita, graças também a competente direção de Paul Greengrass que fez diversas sequencias de ações eletrizantes e estavam pertinentes de acordo com o enredo apresentado. Sendo que o destaque mesmo, vai para a última onde se passa em Las Vegas. Meu Deus, que excelente trabalho de direção e fotografia ali! A câmera não parava em nenhum segundo e nós como mero espectadores, ficamos vidrados perante a enorme ação e suspense que ocorre na tela.
"Jason Bourne" é sem dúvidas um ótimo exemplo de como se realizar uma sequencia de forma competente, onde fãs do gênero e da série não sairão chateados da sessão. Que venham mais sequencias desta ótima série! E claro mais uma vez ouvir nas telonas o excelente tema da série, "Extreme Ways" da banda Moby (até a nova versão da canção ficou legal). Se foi melhor que os outros filmes e se é necessário mesmo ver ou rever os outros pra sacar o enredo? A resposta pra ambas questões é sim! RECOMENDO!
Nota: 10,0/10,0
Imagens: Reprodução da Internet