"Todo Dinheiro do Mundo" era pra ser mais um filme comum sobre sequestro. Até que em meio as polêmicas de abuso que começaram a sair em Hollywood em meados de novembro, o nome de Kevin Spacey foi envolvido (e até então era o coadjuvante da película citada). Logo após ser demitido da Netflix e ter seu projetos canceladas pela mesma, o diretor Ridley Scott ("Perdido em Marte") tomou uma atitude inédita na história do cinema: mesmo com aquele estando pronto para ser lançado no mês seguinte, resolveu remover o ator do longa (mesmo possuindo uma enorme maquiagem, que o deixava irreconhecível) e substitui-lo por Christopher Plummer ("O Plano Perfeito", que já era sua escolha original). Durante 10 dias, toda a equipe retornou ao set de "Todo Dinheiro do Mundo" e acabaram fazendo "outro filme". Por incrível que pareça, mesmo ainda tendo a recente confusão salarial dentre Michelle Williams e Mark Wahlberg (onde mesmo ela falando que faria de graça, recebeu 800 dólares pelos 10 dias, enquanto o segundo solicitou 1,5 milhões), foi uma das maiores loucuras do cinema em que o produto final deu certo!
Inspirado no livro de John Pearson, a trama conta a história do bilionário do petróleo J. Paul Getty (Plummer), que era o homem mais rico do mundo no inicio da década de 70, onde um de seus netos (Charlie Plummer) acaba sequestrado em Roma. Os ladrões pediram um regaste de 17 milhões de dólares, onde surpreendentemente Getty acabou se negando a pagar o valor. Desesperada, sua nora Gail (Michelle Williams, de "O Rei do Show") tenta a todo custo buscar o dinheiro para resgatar o filho, porém ela conta com a ajuda do negociante do sogro, Flatcher Case (Mark Wahlberg, de "Pai em Dose Dupla").
A questão que todos queriam saber, é que se em algum momento a remontagem inesperada fez decair a qualidade do longa? Muito pelo contrário, a mesma é ótima e sequer da pra perceber a confusão que ocorreu nos últimos dois meses (com exceção da cena da Arabia Saudita, onde o CGI é notório). Christopher Plummer não só está a vontade no papel, como consegue basicamente roubar a cena em grande parte do filme, com o jeito mesquinho e metido que o bilionário levava. Sua indicação ao Oscar foi merecida (como eu havia dito e previsto!), mas infelizmente ele não acabará levando. Quanto aos coadjuvantes Williams ta bem como a mãe que teve o filho sequestrado, porém em alguns momentos em que era pra ela demonstrar uma tristeza eminente, por desventura ela não consegue ser convincente. Já Wahlberg faz um papel remetendo ao seu padrão, do cara conservador que resolve as coisas através de seu jeito carrancudo.
Agora partindo pra direção de Ridley Scott, digamos que ele soube dosar as doses de suspense no longa, pois sempre há algum momento inesperado que rola algum envolto ao próprio sequestro. Só que quando ele parte pro alivio cômico, pode dizer que na maioria das vezes decai sobre a relação dentre os personagens de Williams e Walhberg. Em alguns momentos podemos dizer que os mesmos são fora de hora, mas outros realmente funcionam.
"Todo O Dinheiro do Mundo" era pra ser um filme comum, mas devido as citadas circunstancias citadas no primeiro paragrafo, acabou entrando pra história do cinema pelo simples fato de que quando temos "Todo Dinheiro do Mundo", conseguimos refazer um longa metragem em menos de 10 dias e ainda faturar indicações ao Globo de Ouro e Oscar.
Nota: 8,0/10,0
Imagens: Reprodução da Internet
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