sábado, 27 de setembro de 2014

UM MILHÃO DE MANEIRAS DE PEGAR NA PISTOLA


Em um momento do filme, o protagonista vivido por Seth MacFlane ("Ted") diz "uma vez, uma das minhas ovelhas foi parar em um puteiro. No final do dia, ela rendeu 15 dólares". Somente com essa frase podemos presumir o estilo pastelão que a comédia leva, mas ela até que funciona como um ótimo passatempo. Aqui, este volta ao posto de roteirista, produtor, diretor e ator (já que em "Ted" ele cedeu seus movimentos ao urso falante). A história pega carona no "extinto" estilo satírico apresentado pelos irmãos Zucker em "Corra Que a Policia Vem Ai!" e "Apertem Os Cintos, Que O Piloto Sumiu", pelo qual o protagonista referencia o carácter feito pelo falecido Leslie Nielsen: o estilo do "bobo experto". 


Albert Stark é um fazendeiro completamente "desligado" em relação as situações a sua volta, pois ele não consegue controlar seu rebanho de ovelhas, muito menos tomar coragem para enfrentar alguém no "desafio do tiro". É por causa disto e um pouco mais, que sua namorada Louise (Amanda Seyfried, de "Mamma Mia!") o larga fazendo-o entrar em depressão. Apesar de ele ter apoio de seu casal de amigos Edward (Giovanni Ribisi, que também esteve em "Ted") e a prostituta Ruth (Sarah Silverman, de "Escola do Rock"), ele só começa a mudar seu modo de pensar e agir ao conhecer a misteriosa Anna (Charlize Theron, de "Promotheus") que não o revela que é casada com o fora da lei, Clinch Leatherwood (Liam Neeson, de "Busca Implacável"). É então que um desencontro com Louise e seu novo namorado, Foy (Neil Patrick Harris, do seriado "How I Met Your Mother"), Anna nota que terá de ensinar Albert como "pegar numa pistola" e enfrentar "suas ovelhas" para conseguir reconquistar sua ex.


Apesar do enredo completamente clichê, MacFlane foca no estilo satírico das condições precárias que os cidadães de um velho oeste viviam. Mas algumas chegam a serem interessantes como o fato de ninguém sorrir nas fotografias, os péssimos tratamentos médicos, a população tratar a morte como algo normal e não ligarem para o corpo do prefeito da cidade que morreu há uns três dias e foi levado por lobos. O roteiro ainda trata referencias há outros filmes do gênero (os quais me recuso a mencionar para não estragar as surpresas, pois contam com as participações dos atores originais), e até o próprio "Ted" (apesar de não contar com o urso, mas com algumas piadas que remetem a este). Já os fãs de Barney Stinson irão amar a referencia ao seriado (que não tem nada haver com a sua personalidade de mulherengo) em uma fala de Patrick Harris. Mas há algumas coisas que poderiam ser extremamente cortadas da trama, como o excesso de piadas a lá Tarantino (com explosões e corpos voando, causando as vezes sequencias sem nexo algum) e piadas sobre sexo (apesar de o jeito desbocado de Silverman, que vive uma prostituta chega a ser engraçado em alguns momentos).

Para quem conhece o estilo de humor de MacFlane, que é criador do famoso desenho "Uma Família da Pesada", irá gostar do humor e embarcar na história. Caso contrário evite ao máximo esse filme, pois dificilmente você vai gostar do mesmo.

Nota: 6,5/10,0

Imagens: Reprodução da Internet

terça-feira, 16 de setembro de 2014

CHEF


Depois de comandar os dois primeiros filmes da trilogia "Homem de Ferro", e Daniel Craig e Harrison Ford em "Cowboys e Aliens", Jon Favreau resolveu focar em um projeto mais pessoal, o independente "Chef". Ele também não só comanda a produção, mas a roteiriza, produz e estrela no papel do chefe de cozinha Carl Casper, que enfrenta os problemas do recém divorcio com  Inez (Sofía Vergara, de "Amante a Domicilio") e o fato de não estar sempre presenta na vida do seu filho Percy (Emjay Anthony). Mas dentre os conflitos de sua vida pessoal, ele não deixa de esconder seu amor pela culinária. Até o dia em que ele recebe uma péssima crítica do rigoroso crítico culinário Ramsey Michel (Oliver Platt), que acaba resultando em um conflito público via Twitter entre os dois. Consequentemente, Carl acaba tendo um surto no restaurante onde trabalha e acaba sendo demitido. É então que ele nota que é hora dele procurar saber o que realmente importa em sua vida e adquire um trailer de tacos, onde ele viaja diversas regiões vendendo o mesmo.


Durante sua narrativa, Favreau procura esconder o fraco roteiro nos pratos que estão sendo realizados e nas poses sensuais de uma apagada Scarlett Johansson, que vive a recepcionista do restaurante em que Carl trabalhou. Além desta, ele desperdiça ótimos atores que possuem personagens que conseguem serem mais interessantes que o próprio protagonista. Um mero exemplo é a dupla vivida por Bobby Cannavale e John Leguizamo, que interpretam parceiros de cozinha de Carl. Outros que também arrasaram em poucos momentos em cena são Dustin Hoffman e Platt, que possuem caracteres necessários para a narrativa, mas com sequencias que poderiam ser trabalhadas melhor. Já Robert Downey Jr., mais uma vez atuando como no automático, com seu estilo "Tony Stark" (por sorte, ele possui apenas uma cena de dois minutos), assim como Vergara que mais uma vez usa e abusa do seu estilo latina para fazer sua personagem, que não chega a fazer uma performance que nos faça torcer para que ela volte com seu marido.


Apesar desses "furos" no roteiro, Favreau ainda consegue realizar uma ótima crítica a sociedade tecnológica atual. Ele mostra que coisas tão super fulas, podem virar sensação na internet em questão de segundos, mas que podem serem esquecidas em questão de minutos. Assim como o fato do poder dos críticos, que com suas palavras podem destruir diversas reputações. "Chef" poderia ter sido um bom filme, se ele tivesse focado mais nesses argumentos ao invés de procurar ter um elenco cheio de estrelas (que normalmente é um mal sinal).

Nota: 4,0/10,0

Imagens: Reprodução da Internet


domingo, 14 de setembro de 2014

SE EU FICAR


Pegando carona no sucesso de "A Culpa é das Estrelas", chega aos cinemas outra adaptação de um romance que também acabou se tornando best seller: "Se Eu Ficar". Escrito por Gayle Forman, acompanhamos a vida da adolescente Mia (Chloë Grace Moretz, de "Kick-Ass") que passa por uma situações normais da fase como época de vestibulares, crises com o namorado músico, Adam (Jamie Blackley, de "Branca de Neve e o Caçador"), confissões com a melhor amiga (Liana Liberato, de "Confiar") e principalmente sua dúvida se deverá seguir sua carreira como violinista, ao invés de uma carreira acadêmica. Mas tudo muda quando ela sofre um acidente de carro em uma estrada, que acaba a deixando no limbo (local em que os espíritos ficam entre o céu e a terra). Nesta situação, ela começa a notar os verdadeiros motivos para continuar vivendo, já que seus pais e irmão também estavam no mesmo veiculo só que ela não consegue encontrar os mesmos pelo hospital.


Moretz já havia mostrado que possui talento para atuação em produções como "Kick-Ass" e "Sombras da Noite", mas só agora ela ganhou seu primeiro grande papel na carreira, que certamente foi o grande ponta pé para a mesma demonstrar que ela será um dos grandes nomes do cinema futuramente. A dramatização que ela realiza para sua personagem, chega a comover em diversos momentos, sendo que o maior destaque é sua relação com o avô (Stacy Keach, de "O Legado Bourne"), onde ambos possuem uma sequencia que se torna o momento mais emocionante da película. O diretor Stacy Keach, estreante em longas metragens, procura realizar exatamente isso com todos os caracteres que ele possui em mãos. Logo na sequencia inicial, vemos os pais de Mia (Mireille Enos e Joshua Leonard) com seu irmão mais novo (Jakob Davies) e a própria, demonstrando a idealização da verdadeira família americana "feliz". Mas ao decorrer da produção vemos que inicialmente nem sempre era assim, já que estes eram músicos na época em que se conheceram e que tiveram sua primeira filha. Keach tenta focar na evolução destes, até virarem o que foi visto inicialmente.


Mas o principal da história, acaba sendo o romance entre Mia e o também músico Adam. Na história do casal, acabamos notando que o diretor buscou trabalhar uma mera homenagem a teoria do filósofo Freud (que aborda o fato de todos homens e mulheres, verem em seus parceiros a figura paterna ou materna). Os diversos momentos onde presenciamos toda a história do casal, é intercalada em alguns momentos pela história dos pais de Mia. Só que diferindo de seus pais, esta prefere ouvir uma ópera ao invés do "Iggy Pop" de seus pais e irmão (valendo destacar, que a trilha sonora é assinada pelo brasileiro Heitor Pereira). O timming proposto por Keach já se torna suficiente para sentimos sentimentos pelo casal, para assim torcemos por ambos durante todo minuto da projeção (já que a química entre ambos ajuda).

"Se Eu Ficar" não consegue ser um ótimo drama/romance como "A Culpa é das Estrelas", mas demonstra ser um ótimo "romance adolescente", que funciona também para os que já passaram dessa fase a tempos. RECOMENDO!

NOTA: 8,5/10,0

Imagens: Reprodução da internet

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

CRÍTICA - SIN CITY: A DAMA FATAL


Lançado em 2005, "Sin City - A Cidade do Pecado" reunia os grandes diretores Robert RodriguezFrank Miller e Quentin Tarantino e um elenco estrelar, que adaptava as histórias em quadrinhos escritas pelo próprio Miller. A produção não fez um enorme sucesso de bilheteria, mas conquistou diversos fãs pelo mundo, pelo qual clamaram durante anos por uma sequencia que só foi lançada agora. "Sin City - A Dama Fatal", tem como inspiração principal a história do titulo (já que estas HQs possuem diversos arcos diferentes a cada temporada), além de outras duas histórias paralelas criadas especialmente para o filme.


No principio temos a história da dançarina de cabaré Nancy (Jessica Alba, de "Quarteto Fantástico"), tentando superar o suicidio de seu grande amor, o Detetive Hartigan (Bruce Willis, de "Duro de Matar"), que agora reparece em sua vida como um fantasma de seu psicológico. No mesmo local, presenciamos o expert em jogatinas Johnny (Joseph Gordon-Levitt, de "500 Dias com Ela"), que consegue vencer o mafioso Senador Roark (Powers Boothe, de "Os Vingadores") em um jogo de poker. Só que ele logo terá de enfrentar as consequências deste ato. Já a terceira trata-se da história do titulo, onde vemos Dwight (agora interpretado por Josh Brolin, que entra no lugar de Clive Owen) atrás de sua ex-namorada Ava (Eva Green, de "300 - Ascensão do Império"), que possui um dom de sedução com os homens, pelo o qual os transforma em uma espécie de "escravos".


Assim como foi visto em sua película anterior, Green consegue mais uma vez roubar a cena em uma produção de grande porte. Vivendo mais uma vilã em sua carreira, a atriz passa 80% de suas cenas nua, já que sua personagem não só domina os homens na película, mas também sua atuação acaba causando o mesmo efeito com os que assistem a mesma (que também ganha uma ajuda com seus enormes olhos verdes). Mas além dela quem também brilha no pouco tempo em cena é Alba, que no último ato demonstra uma enorme reviravolta em sua personagem. Quanto ao elenco masculino Brolin novamente arrasa assim como Rourke, que fazem uma dupla e tanto na terceira história. Já Levitt e Willis (que atuaram juntos como o mesmo personagem em "Looper") não possuem atuações muito grandes no contexto da trama, o que fez ambos estarem no automático. Infelizmente nesse intervalo de nove anos os atores Michael Clarke Duncan e Brittany Murphy (Shelliefaleceram, mas somente o primeiro foi substituído por Dennis Haysbert (da série "24 Horas"), já a segunda foi retirada do roteiro como um "respeito" a mesma.


Vale destacar que apesar do enorme corte de tramas e informações que o primeiro passava (o que foi um dos fatores deste não ser tão bom), a produção conta com algumas breves participações especiais de grandes nomes como Christopher Lloyd, Ray Liotta e a cantora Lady Gaga. Quanto a direção de Frank Miller (que também assina as HQs e a adaptação) e Robert Rodriguez (que aqui é não só o diretor, mas também assina como o produtor, câmeraman, editor, fotografo e músico), ela consegue captar e dosar exatamente os momentos de ação, drama e de comédia, pelo qual o destaque está não só para os momentos de Eva Green na nua na piscina, mas também pelas brigas do personagem de Rourke (que consegue derrubar um exército sozinho). O fato da dupla escolher apenas as cores preto, branco e vermelho, e algumas outras em tom forte, demonstra a sensação de corrupção e violência na qual os personagens vivenciam (que é conhecido como estilo "noir"). Mas de todos eles, a única que possuía cores normais quando aparecia era a namorada de Johnny, pois ela era a única que representava a inocência e pureza em relação aos outros caracteres. Já em alguns breves momentos da narrativa, ambos optaram por mostra-los através da animação.

"Sin Ciy - A Dama Fatal" foi feito exatamente para quem curte histórias em quadrinhos, produções de Robert Rodriguez, e claro o universo de "Sin City", caso contrário evite, pois com toda certeza e sem sombras de dúvida, você não irá gostar nem um pouco do mesmo.

Obs: Gostaria de agradecer ao organizadores do "1º Nerd Cine Fest Santos", André Azenha e Vinicius Carlos Vieira pela iniciativa de criarem um evento que beneficia a cultura Nerd na baixada santista, e claro, pela sessão exclusiva do filme. 

"Sin City: A Dama Fatal" estreia em 25 de Setembro.

Nota: 9,0/10,0

Imagens: Reprodução da Internet