sábado, 1 de fevereiro de 2014

CRÍTICA - A NINFOMANÍACA: VOLUME 1


Lars von Trier já demonstrou que é um diretor polemico. Seja da forma explicita em que ele aborda o sexo, ou a declaração que realizou no Festival de Cannes de 2011, onde durante a divulgação de "Melancolia", ele realizou uma afirmação de apoio ao nazismo. Como era de se esperar, ele foi vaiado e banido do mesmo. Passando alguns meses, Von Trier anuncia seu novo projeto, cujo o principal contexto seria o drama de uma mulher ninfomaníaca. Novamente o diretor já gerou polemica, pois ele disse em uma entrevista que o filme contaria com cenas de sexo reais, e segundo o ator Shia LaBeouf ("Transformers"), para conseguir um papel no mesmo, ele teve de enviar uma fita de sexo com a sua namorada para o diretor, que veria se ele era ou não adepto ao papel. Mas mesmo depois de concluído, a produção enfrentou outros problemas, só que desta vez foi a sua enorme duração de 300 minutos (ou cinco horas). Então, pela primeira vez na sua carreira, Von Trier saiu da sala de edição, que ficou a cargo do pessoal do estúdio. No final das contas, "A Ninfomaníaca" se transformou em dois filmes de duas horas cada um (sendo que mesmo assim acabou se perdendo uma hora). 


Em "Ninfomaníaca - Volume 1" somos surpreendidos por uma tela escura durante os dois primeiros minutos (uma jogada interessante de Von Trier, pois representa sexo vazio na vida da protagonista), logo vemos a ninfomaníaca Joe (Charlotte Gainsbourg, de "Melancolia"), jogada no chão, bastante ferida, em frente a casa do velho pescador Seligman (Stellan Skarsgård, de "Os Vingadores"). Ao avista-la, ele a coloca para dentro, e lhe serve comida e um quarto. Intrigado, ele pergunta o porque daqueles ferimentos, é então que ela começa a contar a história da sua vida de luxuria, e do vicio em sexo que ela possui desde os dois anos (idade em que "ela descobriu a sua "buceta"). 


Ao logo de sua trajetória, vemos que o seu vicio em sexo a transformou praticamente em um objeto, no qual não transpõe sentimento algum, assim como foi a sua primeira transa aos 15 anos, com o jovem mecânico Jerôme (LaBeouf), que a tratou como um mero "saco de batatas", durante o momento mais especial e inesquecível da vida de uma mulher. Mas a grande questão que vem cercando a produção de fato, é a forma de como são abordadas as cenas de sexo. Com honestidade, "A Ninfomaníaca - Volume 1" apresenta diversas cenas (sendo que duas dela, chegam a ser completamente explicitas), mas algumas dela são completamente "vazias", no sentido de Joe não demonstrar amor ou compaixão no ato em momento algum (algo que é discutido com a sua melhor amiga "B" no começo da película). Pra ela o sexo é de fato algo que serve para descontração e desabafo e algumas das vezes por diversão (vide a sequencia do "campeonato" entre B e Joe no trem).


A atuação da estrante Stacy Martin está ótima, e ela precisou de ter muita coragem para viver a jovem Joe, pois ela se entregou literalmente de corpo e alma no papel e pelo visto, durante as diversas cenas de sexo. Sua química com LaBeouf funciona (mesmo ele demonstrar ser o clássico "príncipe ogro" no decorrer dos capítulos). Agora nos momentos em que vemos a Joe com 50 anos com Seligman, chega a ser um puro momento de nostalgia, cujos diálogos entre ambos comparam os atos da ninfomaníaca com o do pescador e que chega uma hora que se torna divertido interessante. 


Mas tirando a jovem Martin, quem também brilha é a já veterana Uma Thurman (de "Kill Bill", na esquerda), que vive a esposa do Sr. H que foi um dos casos da jovem Joe. A sequencia dela com os filhos no apartamento é sem duvidas uma das melhores do filme. Outro que também brilha é Christian Slater (de "Entrevista Com O Vampiro"), que vive o pai de Joe e que também rouba a cena no capítulo que foca a sua internação no hospital (que é somente em preto e branco, representando o sentimento vazio de Joe naquele triste momento).

Outros pontos positivos da produção são sua fotografia, que é sempre pálida, enaltecendo a depressão e a naturalidade de cena, juntamente com a sua trilha sonora que realiza uma homenagem ao último filme de Kubrick "De Olhos Bem Fechados" (que também trata o sexo como uma forma de "poder"), pois utiliza a sua música tema em alguns momentos da película.


No final das contas, "A Ninfomaníaca - Volume 1" não é somente um "filme de sexo", mas sim um forte drama, que aborda o que se passa na mente de uma pessoa ninfomaníaca. Agora só resta esperar até o final de março, para assistir ao volume 2 e tirar algumas conclusões mais precisas do "megafilme" de Lars Von Trier, que encerra a trilogia da depressão (que foi composta por "Anticristo" e "Melancolia").  Não duvido se este filme acabar se tornando "Cult" futuramente. RECOMENDO!!

NOTA: 10,0/10,0

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