Gostaria de deixar claro logo de cara que "Carol", foi uma das mais injustiçadas produções indicadas este ano ao Oscar. Primeiramente ao fato de não estar presente na categoria de Filme, e ao fato da indicação a Rooney Mara como atriz coadjuvante, foi uma das mais estranhas escolhas da Academia. Ela apareceu muito mais tempo do que Cate Blanchett em tela, além de sua personagem ser a verdadeira protagonista da história, pois é tudo visto mais pelo ponto de vista dela. Mas ambas atrizes mereceram as indicações, assim como o resto da equipe nas categorias de Roteiro Adaptado, Fotografia, Figurino e Trilha Sonora Original.
O filme foi exibido em maio do ano passado, no Festival de Cannes e gerou uma breve polemica na época devido ao seu tema abordar um relacionamento homossexual entre duas mulheres, em plena Nova York na década de 50. Nós conhecemos a história delas em plena época de natal (podemos falar que essa película é "drama natalino" também) através da tímida garota Therese (Mara), que trabalha como vendedora em uma loja de brinquedos e não é feliz em seu namoro com Richard (Jake Lacy). Até o dia em que aparece na loja Carol (Blanchett), uma mulher mais velha do que ela e estava a procura de uma boneca para sua filha pequena. É notável no primeiro olhar entre as duas que a paixão acaba de rolar ali, e "propositalmente" esta deixa seu par de luvas no balcão, o que faz Therese ir atrás dela para devolve-las. Logo somos apresentados a vida pessoal de Carol, onde ela enfrenta um conturbado divorcio com Harge (Kyle Chandler, de "O Lobo de Wall Street"), que desconfia e muito da homossexualidade da esposa através de sua relação constante de sua melhor amiga Abby (Sarah Paulson, de "12 Anos de Escravidão"). Aos poucos ambas as mulheres terão de ser discretas em desenvolver esse amor proibido, pois naquela época não era "normal" acontecer isso.
Todd Haynes ("Não Estou Lá") aborda a história de ambas como se fosse uma verdadeira produção rodada naquela época. Tudo ali está bem reconstruído e ele não exagerou em cenas fortes na película. Sua principal preocupação foi na verdade em captar a evolução de Therese, onde começa o filme como uma tímida garota até era virar uma mulher ao se envolver sexualmente com Carol. A sequencia ocorre de forma breve (não dura mais de dois minutos, e não chega aos pés das sequencias que rolam em "Azul é a Cor Mais Quente") e no decorrer da narrativa tá de bom tamanho. Mara já tem cara de "menina" e aqui ela realmente convence no papel, e o mesmo podemos dizer de Blanchett que apresenta uma ótima química com ela. Tudo ocorre entre as duas de forma lenta, pelo qual somos apresentados aos poucos as personalidades de ambas e vemos que diversas coisas em cena fazem ambas ficarem em sintonia, seja um cigarro ou uma fotografia. Enquanto Therese é completamente indecisa do que realmente deseja, Carol já é um pouco mais decidida de suas atitudes e fará o possível para conseguir alcança-las. Também temos bons momentos com os "ex companheiros" de ambas, onde o destaque vai para Chandler que sempre apareceu apagado em diversas produções famosas como "Argo" e "Super 8".
"Carol" não chega a ser uma produção com temática homossexual forte como "O Segredo de Brokeback Mountain" e "Azul a Cor Mais Quente", mas sim uma trama boa e mais "leve" sobre o tema. Se o livro de Patricia Highsmith era muito mais forte do que mostrado na película, já não sei, pois não cheguei a ler o livro. Pra quem ta fazendo a maratona do Oscar e é fã da Cate Blanchett, o filme é certamente indispensável na lista.
Nota: 8,0/10,0
Imagens: Reprodução da Internet