segunda-feira, 6 de maio de 2013

CRÍTICA - SOMOS TÃO JOVENS


Quando acabou a projeção de "Somos Tão Jovens" o único sentimento pelo o qual eu senti foi o de indignação. Não porque a produção foi péssima, muito pelo contrário, pois foi extremamente divertida, mas devido aos músicos como Renato Russo que nunca mais irão existir em nosso país, pois a tendência musical ultimamente está só piorando, devido a bandas e estilos que só sabem idolatrar temas como traições, sexo e drogas. Levando em conta também que nosso último grande poeta Alexandre Magno Abraão (vulgo Chorão) se foi no último 6 de março, o Brasil ficou definitivamente sem grandes poetas vivos.
Como apresentado nesta produção, às músicas de Renato Russo sempre abordam os grandes problemas que a sociedade brasileira enfrentava nas décadas de 70 e 80, sem medo algum de sofrer com a censura da ditadura militar. As mesmas acabaram resultando em uma enorme legião de fãs por todo o país e pelo mundo afora. É justamente nesta época em que o filme foca, então não espere algo como "Cazuza - O Tempo Não Para".


Confesso que "Somos Tão Jovens" é na verdade um grande exemplo do que é o verdadeiro cinema, pois durante os créditos iniciais onde é executada a música "Tempo Perdido", a sala de cinema que estava completamente lotada, 80% dos expectadores estavam cantando junto com Renato Russo (sendo que me incluo nestes), transpondo assim uma enorme interatividade entre ambos, que nem todas as outras produções conseguem.
O filme começa com o até então jovem Renato Manfredini Jr. (Thiago Mendonça de "2 Filhos de Francisco") sofrendo um acidente de bicicleta, que graças ao seu problema da epifisiólise (uma doença óssea) ele acaba realizando uma cirurgia para colocar três pinos de platina na bacia. Consequentemente ele acaba tendo de ficar vários meses na cama e é justamente nesta época que ele começa a pegar um gosto e uma personalidade musical diferenciada, focando em bandas como “Sex Pistols” e ídolos como John Lennon. Assim que ele se recupera, ele muda seu nome para Renato Russo decide largar o seu emprego como professor de inglês e com o apoio de sua melhor amiga Aninha (Laila Zaid) começa sua jornada musical, com o propósito de divulgar em suas letras uma crítica à sociedade da época na qual viviam em Brasília. Juntamente com os amigos André Pretorius (Sérgio Dalcin) e Fê Lemos (Bruno Torres) eles formam a banda "Aborto Elétrico". Foi justamente nesta fase que Renato escreveu as famosas músicas "Que País é Este?", "Música Urbana" e "Geração Coca-Cola". Mas até a formação da “Legião Urbana" acontecem várias confusões e conflitos entre todos os personagens em cena, que vou evitar de contar para não tirar o brilho desta produção.

Nestes momentos o diretor Antonio Carlos da Fontoura executa seu trabalho com perfeição, que mesmo possuindo a típica fotografia padrão das produções nacionais, não atrapalha em momento algum a execução do trabalho do restante da equipe, mas em certos momentos são utilizadas as famosas câmeras na mão, deixando um clima mais amador a produção. Mas Fontoura nos apresenta uma produção mais cômica do que dramática (como na cena em que Renato assume sua homossexualidade a Mãe), graças a interpretação de Thiago Mendonça que canta e dança em diversos momentos, deixando claro que está completamente a vontade no papel, sendo que possui uma enorme semelhança com Renato Russo (devido também ao excelente trabalho da equipe de maquiagem). Já sua química com Laila Zaid funciona tanto, que é impossível não se emocionar com a cena de Renato cantando a música "Ainda é Cedo" que ele escreveu justamente para Aninha.


Já a equipe de trilha sonora demonstrou um enorme cuidado na hora da execução das músicas, pois elas foram inspiradas exatamente nas situações mostradas ali em tela, sendo que em certos pontos trazem um pouco de dramaticidade aos momentos apresentados.
"Somos Tão Jovens" é um filme para quem é fã de Renato Russo, assim como para os amantes do cinema esta é uma sessão que deve ocorrer sem falta. Prepare a garganta, os tímpanos, compre aquela pipoca, juntamente com aquele refrigerante e se divirta com um dos maiores ícones da música nacional. RECOMENDO.

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