sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

LIVRE


Logo na primeira cena, somos apresentados a protagonista Cheryl (Reese Witherspoon, que já ganhou um Oscar por "Johnny e June"), tentando tirar uma unha descolada de sua pele e gritando de dor, e consequentemente deixa um de seus tênis caírem abismo abaixo. A sequencia é interrompida pelo titulo do novo filme de Jean-Marc Vallée (do ótimo "Clube de Compras Dallas"), "Livre". Essa abertura serviu exatamente para termos uma noção do que a sua nova produção aborda, que é sobre as dores e perdas que Cheryl passou, e a motivou a fazer uma trilha pela costa do Oceano Pacifico, que tem mais de 1500 km, para realizar uma jornada de autoconhecimento. Jean-Marc utiliza uma narrativa um tanto que similar a sua ultima produção, onde ele pega um ponto de partida da história verídica do seu protagonista, onde está no ápice de sua destruição e parte em busca de redenção. Ele procura focar através de diversos flashbacks a relação da protagonista com a sua falecida mãe (Laura Dern, de "A Culpa é das Estrelas"), ao invés do seu ex-marido ou seu irmão. Quanto aos momentos que envolvem a desconstrução da personagem, quando ela se envolveu com drogas e começou a transar com diversos homens para expressar suas dores, o diretor procura deixar eles bem breves.


Durante a jornada de Cheryl, Witherspoon demonstra ser uma das maiores atrizes do cinema, pois sua interpretação nos faz torcer e vibrar com os diversos momentos que ela enfrentou em sua jornada (mas não se iguala a Sandra Bullock em "Gravidade", só para constar) e consegue apresentar seus sentimentos através de seus diversos olhares e expressões durante essas diferentes fases. Mas o que fica claro é que em nenhum momento ela deixa de perder a sensibilidade e o carinho por quem ela ama. Isso fica claro, pois a cada local que ela vai passando ela escrevia uma frase sobre o que estava sentindo sobre a sua jornada (afinal de contas, ela era a "única" mulher que fez essa trilha), e a fez ficar famosa entre os outros aventureiros.

A fotografia de Yves Bélanger procura mostrar em algumas cenas os horizontes e o excesso de vácuo nos locais por onde Cheryl está passando, fazem os momentos dela desesperada em busca de água ou até mesmo preparando uma gororoba, destacarem o desespero da personagem em cena. "Livre" pode ser comparado e muito com "Na Natureza Selvagem", só que ao contrário do filme de Sean Pean, temos uma protagonista feminina fazendo algo que é esperado para alguém do sexo masculino (o que é mencionado durante boa parte da produção). Sem hipótese de dúvidas, esta será uma produção que sempre será lembrada na filmografia de Reese Witherspoon e terá sempre o meu respeito. RECOMENDO!

NOTA: 9,0/10,0
Imagens: Reprodução da Internet
Indicações ao Oscar: Melhor Atriz (Reese Witherspoon) e Melhor Atriz Coadjuvante (Laura Dern).

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