sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

LOUCAS PRA CASAR

Já vou começando a minha crítica deixando uma coisa bem clara: não sou fã do cinema nacional, muito menos de suas comédias. Claro surgem algumas exceções como "Mato Sem Cachorro" e "Tropa de Elite 1 e 2". A convite do cinema da minha cidade, fui conferir sem nenhuma esperança "Loucas Para Casar". Com direção de Roberto Santucci (dos dois "De Pernas Pro Ar" e "Até Que a Sorte Nos Separe", que também não gostei muito), a história tenta "pegar carona" no recente sucesso de "Mulheres Ao Ataque" (outro filme que "amei"). No principio vemos o trio do poster (Tatá Werneck, Ingrid Guimarães e Suzana Pires) se encontrando na beira da ponte Rio-Niterói a beira de um possível suicídio, pois as mesmas acabaram de serem abandonadas pelo mesmo homem. Então voltamos algumas semanas atrás e a clássica história que todos que viram o filme de Cameron Diaz sabem como é: o casal perfeito que vive um ótimo romance, até quando o namorado (no caso Marcio Garcia) pula a cerca com as outras duas mulheres. Esse é o tipico filme que tem tudo pra dar errado, só que o carisma do trio principal consegue segurar a produção e inclusive criar situações realmente engraçadas. O destaque vai para Werneck, que vive a "garota de 21 anos" que causa ciumes em Guimarães e em Pires durante quase todas as cenas em que o trio atua junto.


Confesso que apesar de não gostar de suas outras produções, Ingrid Guimarães é um dos grandes nomes da comédia nacional, pois seu carisma consegue salvar até mesmo piadas rasteiras e medíocres. Sua personagem aqui lembra um pouco a que viveu em "De Pernas Pro Ar", só que com um ar um tanto mais automático em relação a esta. Quem na verdade, além de Weneck, possui bons momentos é Fabiana Carla, que vive Dolores, melhor amiga da personagem de Guimarães. As piadas que a atriz solta servem como uma espécie de Stand-Up nos momentos mais "tensos" da produção. A direção de Santucci consegue dosar e preparar terreno para o final imprevisível (mesmo sendo uma comédia nacional não conseguimos adivinhar o que acontecerá em seu desfecho), que conseguiu um ponto forte pra produção. Só que ela pecou um pouco em alguns breves momentos com as costumeiras "cenas de marketing", que continuam não sendo nada discretas e ao meu ver prejudicam um pouco a produção.

"Loucas Pra Casar" consegue ser uma boa comédia nacional, que no final das contas fugiu um pouco dos padrões do gênero. Para essas férias de verão, até que é uma boa pedida.

NOTA: 6,5/10,0

Imagens: Reprodução da Internet


LIVRE


Logo na primeira cena, somos apresentados a protagonista Cheryl (Reese Witherspoon, que já ganhou um Oscar por "Johnny e June"), tentando tirar uma unha descolada de sua pele e gritando de dor, e consequentemente deixa um de seus tênis caírem abismo abaixo. A sequencia é interrompida pelo titulo do novo filme de Jean-Marc Vallée (do ótimo "Clube de Compras Dallas"), "Livre". Essa abertura serviu exatamente para termos uma noção do que a sua nova produção aborda, que é sobre as dores e perdas que Cheryl passou, e a motivou a fazer uma trilha pela costa do Oceano Pacifico, que tem mais de 1500 km, para realizar uma jornada de autoconhecimento. Jean-Marc utiliza uma narrativa um tanto que similar a sua ultima produção, onde ele pega um ponto de partida da história verídica do seu protagonista, onde está no ápice de sua destruição e parte em busca de redenção. Ele procura focar através de diversos flashbacks a relação da protagonista com a sua falecida mãe (Laura Dern, de "A Culpa é das Estrelas"), ao invés do seu ex-marido ou seu irmão. Quanto aos momentos que envolvem a desconstrução da personagem, quando ela se envolveu com drogas e começou a transar com diversos homens para expressar suas dores, o diretor procura deixar eles bem breves.


Durante a jornada de Cheryl, Witherspoon demonstra ser uma das maiores atrizes do cinema, pois sua interpretação nos faz torcer e vibrar com os diversos momentos que ela enfrentou em sua jornada (mas não se iguala a Sandra Bullock em "Gravidade", só para constar) e consegue apresentar seus sentimentos através de seus diversos olhares e expressões durante essas diferentes fases. Mas o que fica claro é que em nenhum momento ela deixa de perder a sensibilidade e o carinho por quem ela ama. Isso fica claro, pois a cada local que ela vai passando ela escrevia uma frase sobre o que estava sentindo sobre a sua jornada (afinal de contas, ela era a "única" mulher que fez essa trilha), e a fez ficar famosa entre os outros aventureiros.

A fotografia de Yves Bélanger procura mostrar em algumas cenas os horizontes e o excesso de vácuo nos locais por onde Cheryl está passando, fazem os momentos dela desesperada em busca de água ou até mesmo preparando uma gororoba, destacarem o desespero da personagem em cena. "Livre" pode ser comparado e muito com "Na Natureza Selvagem", só que ao contrário do filme de Sean Pean, temos uma protagonista feminina fazendo algo que é esperado para alguém do sexo masculino (o que é mencionado durante boa parte da produção). Sem hipótese de dúvidas, esta será uma produção que sempre será lembrada na filmografia de Reese Witherspoon e terá sempre o meu respeito. RECOMENDO!

NOTA: 9,0/10,0
Imagens: Reprodução da Internet
Indicações ao Oscar: Melhor Atriz (Reese Witherspoon) e Melhor Atriz Coadjuvante (Laura Dern).