quarta-feira, 28 de outubro de 2015

UM AMOR A CADA ESQUINA


A primeira vista, o titulo sugere que é mais uma comédia romântica clichê hollywoodiana, com a Jennifer Aniston e o Owen Wilson (que grande parte do público conhece). Então como você gostou do "Marley e Eu", decide embarcar na sessão para assistir. Então a película começa e vemos a personagem de Imogen Potts, uma jovem chamada Isabella que trabalha como prostituta escondida da família, em uma conversa com sua terapeuta. Então o estilo da trama sugere que estamos vendo mais uma ótima comédia de Woody Allen. Só que mais uma vez estamos errados, pois o filme não é uma comédia romântica, muito menos um filme de Allen. "Um Amor a Cada Esquina", é na verdade apenas uma trama cômica que homenageia este estilo nas produções dos anos 20/30, pelos quais contavam com basicamente o mesmo grupo de pessoas em um enredo chapado de tiradas inteligentes e engraçadas. Com direção do ótimo diretor Peter Bogdanovich, (que sumiu dos cinemas por 14 anos, devido a diversos problemas pessoais) pra quem não sabe, o diretor foi um dos principais nomes da comédia dramatúrgica na década de 70, e dirigiu clássicos como "A Última Sessão de Cinema" e "Lua de Papel".


Só que aqui ele resolveu pegar uma trama bem agridoce em seu retorno triunfal a nova geração. Aqui as referencias ao cinema de Woody Allen são diversas, principalmente no personagem de Owen Wilson (pelo qual se assemelha e muito com seu papel em "Meia-Noite em Paris"), que vive o diretor teatral Arnold, que após contratar os serviços de Isabella por uma noite, lhe oferece 30 mil dolares para largar a vida e viver o sonho dela de atriz. Só que ambos não imaginavam é que a mesma iria fazer o seu primeiro teste justamente na peça comandada por aquele, o que logo causará desconfortos entre a esposa deste (Kathryn Hahn, de "Quase Irmãos"), e desconfiança do galã da peça Seth (Rhys Ifans, de "O Espetacular Homem-Aranha"). Só que Isabella ainda terá de enfrentar as perseguições de um velho cliente (Austin Pendleton) e das loucuras de sua psicologa substituta (Aniston).


De todo esse elenco, devo dizer que quem brilha e rouba a cena é Jennifer Aniston. A atriz pega carona no estilo de "personagem louca" de "Quero Matar Meu Chefe", e vive uma psicologa que exerce a profissão de forma extremamente esculachada. Os momentos aos quais a personagem aparece, sem duvida são os melhores de todo o filme (em destaque para a sequencia do restaurante). Já Potts, podemos dizer que a atriz é muito nova no cinema e aqui faz um papel que não exigia muito dela, mas ela conseguiu fazer um ótimo entrosamento com Will Forte e Owen Wilson.

"Um Amor a Cada Esquina", é uma das surpresas do ano e é uma comédia que não pode ser definida como "estilo sessão da tarde", devido ao seu forte linguajar e humor. Mas sim como uma comédia inteligente, divertida e em alguns momentos inesperada (pois o Bogdanovich chega a nos induzir ao clichê em diversos momentos, mas não se torna um no final das contas). RECOMENDO!

Nota: 8,0/10,0
Imagens: Reprodução da Internet

A TRAVESSIA


Robert Zemeckis já provou há mais de 30 anos que é um dos principais nomes do cinema. Foi ele que comandou 'De Volta Para o Futuro" e foi consagrado pelo Oscar com "Forrest Grump - O Contador de Histórias". Depois de ficar quase uma década só comandando animações em 3D (as quais foram as primeiras na retomada do 3D, antes de "Avatar"). ele lançou em 2012 o ótimo "O Voo". Mas nas últimas semanas, ele retorna as telonas em mais uma produção em 3D, chamada de "A Travessia". A trama é baseada em fatos reais e gira em torno do equilibrista francês Philippe Petit (vivido por um ótimo Joseph Gordon-Levitt), que juntou a namorada e mais um bando de amigos para realizar seu louco sonho: se equilibrar em uma corda entre as duas torres do World Trade Center, logo em sua inauguração, na década de 70.

A trama é toda narrada por Petit ao alto da estátua da liberdade, e no decorrer da mesma vamos cada vez mais embarcando em sua vida e torcendo para ele alcançar seu sonho louco. Logo de cara, Zemeckis procura homenagear o cinema da década de 20/30, justamente na sequencia de abertura, onde ele aborda que ele trabalhava como mimico e equilibrista de rua, de forma ilegal. Então logo depois de um incidente no mesmo, ele vai até ao dentista e se depara com uma propaganda da construção das Torres Gêmeas, em uma revista. Fazendo este, desde aquele momento, começar a estudar diversas formas de executar seu plano louco. A partir deste ponto, começamos a sermos apresentados a todos os seus companheiros, a começar pelo seu tutor, Papa Rudy (Ben Kingsley), que lhe ensinou os segredos da arte do equilibrismo, na época em que ambos trabalhavam em um circo comandado por este. Seguido pela namorada Annie (Charlotte Le Bon), onde a sequencia chega a ser extremamente divertida. E por ai vai.


Zemeckis aproveitou nestes arcos para usar e abusar do uso do 3D (o melhor que já vi em anos), pois ele não só usa e abusar dos recursos de profundidade, como também atira diversos objetos em nossa direção. A sequencia onde Petit se equilibra com a corda no World Trade Center, é de fato uma das sequencias mais impressionantes que já foram realizadas com a tecnologia (o realismo é tão grande que pode causar desconforto em pessoas com medo de altura e outros afins). Além deste ótimo quesito, o diretor fez algo extremamente interessante: como os personagens são franceses, eles falam nesta língua quase grande parte da película. E quando falam inglês, sempre rola a justificativa de que "eles tem de se adaptar ao pais", fazendo assim a produção ficar o mais real possível. 


Mas isso deu tudo certo graças ao ótimo desempenho de Joseph Gordon-Levitt, que com toda certeza ganhará uma indicação ao Globo de Ouro ator Comédia/Musical, mas acho que talvez conseguirá uma indicação ao Oscar (mas muito difícil). O ator literalmente viveu Petit na pele, seja em suas expressões, medos, angustias e outras coisas. Sua química com Le Bon também é outro ponto alto da produção, assim como com o sempre ótimo Ben Kingsley.

"A Travessia" é sem dúvidas um dos melhores filmes do ano, e com toda certeza será um dos indicados aos Oscars técnicos. RECOMENDO!

Nota: 10,0/10,0
Imagens: Reprodução da Internet

domingo, 4 de outubro de 2015

PERDIDO EM MARTE


Há anos que Ridley Scott não realizava uma produção de ficção que agradasse grande parte do público e fizesse jus a um dos pais do gênero. Há quase 30 anos, ele dirigiu dois dos maiores clássicos do cinema  (que está para ganhar uma sequencias), que foram "Blade Runner", e "Alien - O Oitavo Passageiro". "Prometheus" passou perto, pois começou bem, mas pareceu que queriam dar um final para aquela história e aceleram a trama completamente nos últimos atos, para mesclarem o mesmo com a franquia "Alien". Foi então que depois de dirigir "Conselheiro do Crime" e "Exodos - Deuses e Reis", que foram dois filmes MUITO chatos, ele viu que era hora de voltar para o seu gênero que lhe marcou, com "Perdido em Marte". Antes de mais nada, deixarei claro que apesar de o filme contar com os atores Matt Damon e Jessica Chastain, ele não tem ligação alguma com "Interestelar", pois ambos estiveram no filme, como um astronauta perdido em um planeta (extrema coincidência) e filha do protagonista na fase adulta, respectivamente. Além do fato de que este filme fará bastante sucesso, pois ainda na última semana a Nasa acaba de divulgar que descobriram água na superfície de marte (o que poderá estender a possibilidade de vida dos seres humanos além da terra).


Não precisa de muitos detalhes pra explicar o que rola nessa trama; Damon vive o astronauta Mark Watney, que em uma expedição a marte junto com sua equipe composta pela capitã Melissa Lewis (Chastain), Rick Martinez (Michael Peña, o melhor amigo do "Homem-Formiga"), Beth Johanssen (Kate Mara, a mulher invisível no projeto de "Quarteto-Fantastico"), Chris Beck (Sebastian Stan, O Soldado Invernal, amigo do Capitão América) e Alex Vogel (Aksel Hennie, de "Hércules"), onde o grupo inesperadamente acaba enfrentando uma tempestade, na qual Watney é abatido por um objeto e some do alcance da tripulação. Então ele é simplesmente dado como morto por estes e pela Nasa. Mas o que ninguém imaginava é que ele sobreviveu e começa a criar diversos meios de sobrevivência e formas de comunicação com a Nasa, nas quais acabam surpreendendo o mundo cada vez mais.


Aqui a Nasa não é abordada como a organização de bonzinhos, mas sim como um grupo de pessoas poderosas e sem compaixão nenhuma com seus funcionários e astronautas. O diretor da corporação, vivido por Jeff Daniels, consegue ser o cara mais frio e sem compaixão de toda a película. A atuação do ator que há 11 meses viveu o Debi, em "Debi e Lóide 2", realmente surpreende no filme. Como seus braços direitos, temos os personagens de Sean Bean ("Destino de Jupiter") e da comediante Kristen Wiig ("Missão Madrinha de Casamento"), que também possuem ótimas atuações e entrosamento com aquele. Não podemos dizer o mesmo de Chiwetel Ejiofor, que faz um papel similar ao realizado em "2012", e Chastain, que mais uma vez pega o cargo da "ruiva durona". Mas quem realmente é que surpreende aqui é Matt Damon. O ator basicamente segura grande parte da produção sozinho e consegue criar um personagem que não sabemos muito sobre a sua vida na terra, mas que vamos criando simpatia por ele aos poucos. É basicamente o que Sandra Bullock fez há dois anos em "Gravidade" e resultou em uma indicação ao Oscar, o que certamente acontecerá com este. 


Quanto a direção de Ridley Scott, digamos que foi seu melhor trabalho em anos. Ele conseguiu criar um arco, no qual sentimos cada vez o que cada personagem transpõe em cena, além de diversos momentos de tensão (principalmente no arco da metade do filme, e no final), principalmente na cena onde Watney retira um pedaço de antena de seu próprio estomago sozinho. O recurso 3D utilizado por este, consegue trazer maior imersão em sua narrativa (mesmo fazendo claras referencias a "Avatar", quando Watney realiza seus videos-diários) e sua utilização faz muito sentido aqui.

Não poderia deixar de comentar aqui, a ótima "track list" "organizada" pela personagem de Chastain, na qual possui diversas musicas do Abba, David Bowie dentre outros clássicos das discotecas dos anos 70. A importância destas músicas na trama, são os diversos auxílios nos momentos de solidão de Watney, onde algumas dela resultam em alivio cômicos, como com "Turn The Beat Around", de Vicky Sue Robinson.

"Perdido em Marte" é sem dúvidas um filme que tem potência para se tornar cult futuramente, pois além de possuir momentos originais e uma brilhante execução, diverte e entretêm em suas 2h20 de projeção. E claro será indicado aos Oscars de Filme, Diretor - Ridley Scott, Ator - Matt Damon, Efeitos Visuais, Mixagem e Edição de Som. RECOMENDO!

Nota: 10,0
Imagens: Reprodução da Internet